Uma cadeia operatória dentro de um distema técnico: os (possíveis) dentes de ralador da Amazônia

Déborah Duarte-Talim

Resumo


O presente artigo se insere dentro de uma nova perspectiva de estudos para a arqueologia amazônica, que contempla a análise dos vestígios líticos, deixados em segundo plano durante muitos anos de pesquisas na região. Mais especificamente, pretende-se apresentar um dos resultados obtidos durante as análises tecnológicas (Leroi-Gourhan 1966; Tixier 1978, 1980; Pelegrin 1995, 2011; Inizan et al. 1995; etc.) das coleções líticas exumadas do sítio arqueológico PA-OR-127: Cipoal do Araticum, localizado na região de Porto Trombetas, no estado do Pará, que compuseram uma Dissertação de mestrado apresentada na Universidade Federal de Minas Gerais (Duarte-Talim 2012). Trata-se da cadeia operatória de produção de pequenos instrumentos simples uni e bifaciais, relacionados à confecção de raladores com dentes de pedra. O dente de ralador é apenas um elemento que compõe o ralador (instrumento composto). A produção deste instrumento está relacionada a diferentes cadeias operatórias (prancha de madeira, dentes e fixação destes na prancha) que juntas formam um sistema técnico (Geneste 1991), do qual, arqueologicamente, são encontrados os vestígios líticos, de maior durabilidade que os demais envolvidos, de origem orgânica. Os (possíveis) dentes de ralador foram elaborados sobre pequenas lascas mais longas do que largas, de morfologia retangular, de silexito, debitadas e retocadas por percussão direta dura ou por percussão sobre bigorna, sendo a segunda, a técnica mais frequente. Assim, objetiva-se apresentar não apenas a cadeia operatória de produção destes pequenos instrumentos, inserida dentro do sistema técnico de produção do ralador, mas também os estigmas de lascamento.

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