A opacidade do iluminismo: o racismo na filosofia moderna | Andrade | Kriterion: Revista de Filosofia

A opacidade do iluminismo: o racismo na filosofia moderna

Érico Andrade

Resumo


O objetivo central do presente artigo é mostrar como o discurso iluminista pôde lastrear uma posição racista quando investiu a filosofia da capacidade de determinar, de modo unilateral, a natureza do bem. Meu ponto é que a certeza quanto às predições científicas, fortemente fomentadas no século  XVII, serviu de base para sustentar a convicção de que a filosofia poderia operar de modo análogo à ciência, que determina a natureza dos fenômenos físicos, e, por conseguinte, traçar um horizonte impessoal e objetivo para o qual todos os povos deveriam caminhar no intuito de garantir a maioridade da razão. Quando determinou o modelo europeu como esse horizonte a filosofia moderna lançou bases para o discurso racista. Acredito que com este texto é possível tirar da sombra o tema do racismo na filosofia.


Texto completo:

PDF

Referências


DESCARTES, R. Œuvres de Descartes. Adam, C. et Tannery, P. 12v. 2ed. Paris, Vrin, 1986.

DESCARTES, R. O Mundo ou Tratado da Luz. São Paulo: Hedra, 2008.

GALILÉE, G. Essayeur. In Dialogues et lettres choisies, Trad. Michel, P.-H. Paris, Hermann, 1996.

GONÇÁLVES, R J. A superioridade racial em Imanuel Kant: as justificações da dominação europeia e as suas implicações na América Latina. Kínesis, Vol. VII, n° 13, Julho 2015, p.179-195

HEGEL, G.W. Friedrich. Filosofia da História. Brasília, Editora da UnB, 1999.

HEGEL, G. W. Filosofia do direito. São Paulo, São Leopoldo: Loyla, Unisinos, 2009.

HUME, D. Of National Characters (1748) in David Hume, Essays: Moral, Political and Literary, editado por T.H. Green e T. Grose, Longmans, Green and Co., London, 1875, Vol. 1, p. 252.

HAHN, A. As diferentes raças humanas. Estudo e tradução A. Hanh. Kant e-Prints. Campinas, Série 2, v. 5, n. 5, p. 04 - 09, número especial, jul.- dez., 20.

KANT, I. Observation sur le sentiment du beau et du sublime. Paris: Flamarion, 1990.

KANT, I. Ideia de uma história universal do ponto de vista cosmopolita. Trad. Ricardo Terra. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

KANT, I. Crítica da Razão Prática. Trad. Valério Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

KANT, I. Crítica da Razão Pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2005.

KANT, I.Resposta à questão: ‘O que é Esclarecimento? Trad. Vinícius Figuereido. https://www.academia.edu/7894936/I._KANT_Resposta_%C3%A0_quest%C3%A3o_O_que_%C3%A9_Esclarecimento_Introdu%C3%A7%C3%A3o_tradu%C3%A7%C3%A3o_e_notas_por_Vinicius_de_Figueiredo.

LEIBNIZ, G. W. Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano. (NEEH). In: Os Pensadores: Leibniz. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

LEPE-CARRION, P,. Racismo filosófico: el concepto de ‘raza’ en Immanuel Kant Filosofia Unisinos 15(1):67-83, jan/apr 2014 © 2014 by Unisinos – doi: 10.4013/fsu.2014.151.05

RORTY, R. Filosofia como Espelho da Natureza. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995.

RORTY, R. Objetivismo, relativismo e verdade. Escritos filosóficos I. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997.

SAFATLE, V. Circuito dos Afetos. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

SALES-MOLIN, L. Le code noir. Paris : Presses Universitaires de France, 1987.

TERRA, R. R. . Kant racista?. Coleção CLE, v. 57, p. 299-312, 2010.

TOCQUEVILLE, A. A democracia na América. Belo Horizonte: Editora Itatiaia / São Paulo: Editora da USP, 1977.

VOLTAIRE. Essai sur les moeurs et l´esprit des nations. Paris: Garnier, 1963.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.