“Fiz de minha vontade de saúde, de vida, minha filosofia...” Nietzsche e o problema da medicina em "Ecce Homo" | Marton | Kriterion: Revista de Filosofia

“Fiz de minha vontade de saúde, de vida, minha filosofia...” Nietzsche e o problema da medicina em "Ecce Homo"

Scarlett Marton

Resumo


Em Ecce Homo, Nietzsche apresenta-se ao mesmo tempo como terapeuta e enfermo. Se nos seus escritos ele concebe o filósofo como médico da cultura, nesse livro é também como paciente que comparece. Compreender as razões que o levaram a proceder dessa maneira em Ecce homo, é o problema que presidirá este trabalho. Tomando como ponto de partida a análise dos primeiros capítulos do livro, contamos de início esclarecer a dupla condição de seu autor: a de terapeuta e enfermo, explorando em particular sua ideia de se tomar em mãos. Examinando o último capítulo à luz dessas análises, estaremos então em condições de nos perguntar sobre o que permite a Nietzsche passar da condição de médico de si mesmo à de médico da cultura. Esperamos elucidar desse modo a relação intrínseca que ele afirma existir entre suas concepções de filosofia e vida.

Texto completo:

PDF

Referências


BOCK, C. E. “Das Buch vom gesunden und kranken Menschen”. Achte, bedeutend vermehrte Auflage. Leipzig: 1870

I. Silva Júnior (ed.). “Filosofia e cultura. Festschrift para Scarlett Marton”. São Paulo: Barcarolla, 2011.

BLONDEL, É. “Do sujeito de Ecce Homo. O eu, a jovialidade e o alciônico”. Tradução de Vinicius de Andrade. In: I. Silva Júnior (ed.), 2011. pp. 29-54.

CORNARO, L. “Die Kunst, ein hohes und gesundes Alter zu erreichen”. Berlin: 1881.

FEUERBACH, L. “Die Naturwissenschaft und die Revolution”. In: Blätter für literarische Unterhaltung, Nr. 268-271 (de 8 a 12 de novembro de 1850), pp. 1069-1083.

FOSTER, M. “Lehrbuch der Physiologie. Autorisierte deutsche Ausgabe von N. Kleinenberg. Mit einem Vorwort von W. Kühne”. Heidelberg: 1881.

HERDER. “Sämtliche Werke”. Ed. Bernhard Suphan. Berlin: Weidmann, 1877-1913.

LÖWENFELD, L. “Die moderne Behandlung der Nervenschwäche (Neurasthenie), der Hysterie und verwandter Leiden. Mit besonderer Berücksichtigung der Luftcuren, Bäder, Anstaltsbehandlung und der Mitchell-Playfair’schen Mastcur”. Wiesbaden: 1887.

MARTON, S. “Nietzsche e a arte de decifrar enigmas”. São Paulo: Loyola, 2014.

MARTON, S. “Nietzsche, Kant et la métaphysique dogmatique”. In: Nietzsche-Studien 40 (2011), pp. 106-129.

MARTON, S. “Nietzsche, das forças cósmicas aos valores humanos”. 3ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

MARTON, S. “Do dilaceramento do sujeito à plenitude dionisíaca”. In: Cadernos Nietzsche 25 (2009), pp. 53-81.

MÜLLER-LAUTER, W. “Nietzsche, sua filosofia dos antagonismos e os antagonismos de sua filosofia”. Tradução de Clademir Araldi. São Paulo: Editora Unifesp, 2011.

NIETZSCHE, F. “Sämtliche Werke”. Kritische Studienausgabe (KSA). Ed. Giorgio Colli e Mazzino Montinari. Berlim: Walter de Gruyter & Co, 1967/1978. 15 vols.

NIETZSCHE, F. “Sämtliche Briefe”. Kritische Studienausgabe (KSB). Ed. Giorgio Colli e Mazzino Montinari. Berlim: Walter de Gruyter & Co, 1986. 6 vols.

NIETZSCHE, F. “Obras incompletas”. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1972 (Col. “Os Pensadores”.

M. Pasley (ed.). “Nietzsche: Imagery and Thought”. Berkeley: University of California Press, 1978.

PASLEY, M. “Nietzsche’s use of medical terms”. In: M. Pasley (ed.), 1978. pp. 123-158.

SOMMER, A. U. “Inwiefern ist Ernährung ein philosophisches Problem? Ludwig Feuerbach und Friedrich Nietzsche als Relativierungsdenker”. In: Perspektiven der Philosophie 38 (2012). pp. 319-342.

STEGMAIER, W. “Schicksal Nietzsche? Zu Nietzsches Selbsteinschätzung als Schicksal der Philosophie und der Menschheit (Ecce Homo, Warum ich Schicksal bin 1)”. In: Nietzsche-Studien 37 (2008). pp. 62-114.

WOTLING, P. “La philosophie de l’esprit libre. Introduction à Nietzsche”. Paris: Flammarion, 2008.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.