O homem branco e o boto: o encontro colonial em narrativas de encantamento e transformação (médio rio solimões, amazonas)

Deborah de Magalhães Lima

Resumo


O artigo apresenta as narrativas sobre botos que se transformam em homens, ouvidas principalmente na Amazônia, como um registro do encontro colonial. A equivalência entre o boto e um homem branco que seduz mulheres nativas mostra a presença desse tema nas narrativas. A análise explora o ponto de vista dos enunciadores, que relatam os acontecimentos como reais. As narrativas tratam de experiências pessoais, mas são tidas popularmente como “lendas”. Essa equivocação é vista como resultado da tensão entre modos distintos de definir o mundo– o perspectivismo ameríndio e a nossa ontologia naturalista. As narrativas sobre botos são analisadas como uma expressão do encontro entre essas diferentes formas de simbolização, seguida de uma discussão a respeito das consequências de uma tradução direta, incluindo a questão posta pelas próprias narrativas sobre a possibilidade de esse encontro resultar em comunicação.


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