O atrativo de planos encontrados

Christa Blümlinger

Resumo


O impulso arquivístico que, segundo Hal Foster, caracteriza a arte contemporânea, é também um fenômeno próprio do cinema. Este artigo não pretende alimentar ainda mais a teoria do filme de found footage ou do filme de montagem. Busca-se, antes, uma abordagem estética do gesto da retomada no interior de três filmes (de Filipa César, de Jean-Louis Comolli com Sylvie Lindeperg e de Philip Scheffner), colocando em cena o próprio dispositivo do arquivo, com o objetivo de esboçar o campo epistemológico no qual intervêm as operações estéticas de reutilização imagens e sons de arquivos ou de recomposição com material pré-existente. Certos filmes de ensaio, retomando elementos da história do cinema, se interessam pela qualidade epistêmica da técnica de registro e pela unicidade da experiência própria ao visionamento e à escuta de um documento visual ou sonoro. Este artigo propõe igualmente uma análise dos modos de afecção suscitados pela retomada das imagens e dos sons, na medida em que formas inerentes a essa arte arqueológica suscitam uma sensibilização ao dispositivo e às lógicas temporais do arquivo — e, dessa maneira, uma potência de imaginação, que tende à ficção. 


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