Resistir à morte: a presentificação de João Pedro Teixeira no filme de Eduardo Coutinho

Cláudia Mesquita

Resumo


Propomos analisar neste artigo a retomada da fotografia post-mortem
de João Pedro Teixeira, associada a outras imagens e sons, em três momentos da obra-prima de Eduardo Coutinho. Nosso desejo é colocar uma lupa sobre estes trechos de Cabra marcado para morrer, buscando descrever as operações de sentido realizadas em torno do retrato mortuário. Repetida três vezes, a fotografia do corpo de João Pedro não apenas conjura o seu desaparecimento e o apagamento de sua memória, como notou Bernardet (2003), como acrescenta a cada volta meditações sobre as possibilidades de presentificação do líder morto e de elaboração de sua história pelo cinema. Por fim, em uma espécie de contraponto, meditamos sobre o retrato de família encomendado pelo militante camponês, meses antes de sua morte, para “deixar uma lembrança”. Ausente de Cabra marcado, a foto de João Pedro vivo oferece, em nossa leitura, a imagem de um “futuro irrealizado”.

Palavras-chave: Cabra marcado para morrer. João Pedro Teixeira. Fotografia post- mortem. Memória, documentário. 


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